Primeiro com uma chamada psicadélica para o meu telemóvel de uma qualquer telefonista a querer desmarcar uma consulta de oftalmologia que está mais que visto eu não tinha marcado. Foi-se a ver que se calhar era ela a quem uma consultazinha à vista devia ser encarada com bons olhos. A moça não era muito dada a números e ligou para o meu na esperança de encontrar do outro lado acho que uma D. Isabel Faria ou algo que o valha. Não sou o Tom Waits (quem é que paga aí um conhaque?), mas pela voz devia ter logo visto que se tinha enganado e que Isabel é que eu não era. Enfim, ‘errare humanum est’ e há que dar um desconto. É segunda-feira e tal, e um 1 é parecido com um 7 e o 6 visto ao contrário é um 9. Vá, não faz mal, adeus, bom dia, com licença.
Depois a coisinha mais linda. Na sexta-feira comprei uns ténis novos, confortáveis(?) e giros. Como até lá andava descalço, na 6ª à noite estreei-os logo. E no sábado também levei-os a passear. No domingo lá lhes dei descanso. Hoje a seguir ao almoço, montei-me nos ditos cujos e pus-me a caminho do centro da capital. O que parecia uma tarde calma e pacata a deambular por Lisboa com cheiro a castanhas e a poluição, transformou-se num calvário que até o Mel Gibson se recusaria a filmar.
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E depois para acabar, ponho-me a ver um filme do Almodóvar, de 1983, “Entre Tinieblas” (em português parece que é o “Negros Hábitos”) e pronto, atirei-me para o chão. Já sabia que o Almodóvar era um adepto do politicamente incorrecto e que gostava de abordar temas controversos, com o seu estilo muito próprio. Mas o que vi hoje foi algo de muito à frente.
O filme trata muito simplesmente de um grupo de freiras lésbicas viciadas em drogas duras, que vivem num convento onde dão abrigo a drogadas que procuram redenção ou um sítio para dormir, e que vendem o espólio da igreja para comprar coca, cavalo e ácidos. E têm nomes tão espectaculares como Irmã Rata de Esgoto ou Irmã Esterco. E o animalzinho de estimação é só um tigre gigantesco. Memorável, mesmo. E depois tem diálogos que são pérolas do humor negro. É que nunca pensei ouvir da boca de uma freira coisas como “Não, sabes que não gosto de drogas leves.” Que maravilha!
Há dias assim. Em que chegamos ao fim cheios de mazelas no corpo e na mente. E o pior é que está para durar. Almodóvares tenho de ver mais uns cinco e o calcanhar ainda vai demorar uns tempos a pôr-se bom. Amanhã vou de chinelos para a Rua Augusta, na esperança que me chamem labrego.
Ah, o filme passa no European Film Festival, assim como todos os outros do Pedro.
4 comentários:
Com q'então Ténis novos hein???
Ve lá isso na Rua Augusta, não vá alguém deixar de ser forreta e ainda te dar uma moedinha!!
Bem que podias ter pedido, tenho uns pensos pa bolhas, calos e etc mm à maneira! Coisas de gaja!
Mas realmente há dias assim...
Ahhh e que tal esfregares os pés num animal peludo??? bahhhh!!
Andas na feira a comprar tenis e kerias ou kê??? sapatinhos de cinderela k nao fizessem mal aos pes...
loool
és mta Tonel
Hasta
Post girissimo!!! Quer dizer, a maneira como foi escrito...pq nao te gabo a historia do pe!
O teu dia foi muito a Lewis Carroll!!:)
Achei divertidissimo o que escreveste, e deixou-me bem disposto!:) Vou linkar-te:)
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