quarta-feira, 28 de novembro de 2007

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Num dá bobeira não. Cê tá na minha mão.

Tema-título da nova coqueluche do cinema brasileiro, Tropa de Elite.

Afinal, o Brasil não é só samba. Rock simpático a fazer lembrar Rage Against The Machine, aqui e ali. A banda? Tihuana, de seu nome.



Tropa de Elite, osso duro de roer
Pega um pega geral, também vai pegar você

:D

Ah, o filme também é giro...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Infinita Tristeza

Que o Natal já não é o que era, já eu sei há muito tempo. Aliás, acho até que já tinha acabado quando eu nasci.

O Natal da minha geração significa despesas. Não vale tentar escamotear esta premissa com a 39ª reposição do “Música no Coração” no dia 25 e o Natal dos Hospitais umas semanas antes. E escusam de dar a missa do galo porque isto não tem nada a ver com o Cristo.

Tem a ver sim, com gastar dinheiro; e eu até consigo perceber que a esmagadora maioria do bom povo faça das tripas coração para poder oferecer prendas à família e aos amigos todos e até aqueles com quem não podem nem com o cheiro mas que fica bem oferecer qualquer bodega num embrulho catita.

Afinal vivemos numa sociedade capitalista de consumo em que o materialismo conta muitíssimo e onde é difícil manter o monstro fora de portas. É assim que as coisas funcionam no chamado ‘ocidente’.

Mas o que me leva a escrever o presente decreto-lei não é tanto esse lado do Natal. É sim algo muito mais repugnante e viscoso, que infelizmente se prolonga todo o ano e que estranhamente encontra nesta quadra uma das alturas melhores para o ‘negócio’.

Estou a falar do circo.

Estou a falar desse campo de concentração itinerante que monta um suposto espectáculo à custa do sofrimento e da ignomínia de dezenas de animais; e assim chupa mais uns euros ao bruto povão que aplaude com cara de gente parva uma meia dúzia de reflexos condicionados apreendidos pelos pobres bichos, após semanas, meses, toda uma existência de cruéis maus-tratos e agressões em condições de vida no limite da sobrevivência.

Ursos dançantes no Circo Soledad Cardinali. Um número de circo em que a ridicularização dos animais é o aspecto central.

Logo por manifesta pouca sorte, tenho aqui à beira da porta, num raio de 4km, dois dos mais indignos representantes dessa indústria do terror. No recinto onde se faz o SBSR temos a tenda branca mas nada pura e inocente dos Cardinalli, essa família de carniceiros. Ao lado da Gare do Oriente está montado o Chen, outra dinastia de pérfidos assassinos.

Pónei extremamente magro mantido no Circo Chen 2.

Para estes animais a época do Natal é sinónimo de humilhações físicas e morais diárias. Não há fins-de-semana nem folgas, só agonia e opressão.

Escusado será dizer que era giro se quem perdeu o seu tempo a ler isto até aqui, boicotasse este espectáculo que de espectacular não tem nada e que tentasse dissuadir alguém um pouco mais pobre de espírito que estivesse a pensar financiar com a compra dum bilhete, tamanha afronta aos direitos dos animais.

Não sou demagogo nem utópico, não almejo à extinção de todos os circos; desejo sim sensibilizar alguém para este problema e se evitasse que uma pessoa deixasse de ir ao circo, ficava mesmo contente.


As fotos e os comentários às mesmas são da autoria da Animal.
Para a cruel verdade em fotos e vídeo, seguir o link.



sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Eu queria.




Em resposta ao desafio lançado pela Tulaunia aqui vai finalmente a minha carta ao Pai Natalício:

"Amigo Nico, sabes bem que não sou puto de pregar petas, por isso se te digo que me portei bem é porque me portei bem, ok?
Por isso e porque eu ainda vejo desenhos animados, quero que me enfies pela chaminé abaixo o seguinte rol de pedidos:

Eu queria um carrito só para mim.
Não precisa de ser um bólide, basta ser giro e que chegue aos sítios.

Eu queria um emprego mesmo porreiro!
E que se possível fosse bem pago.

Eu queria uma Scarlett Johansson para me aquecer,
mesmo quando tivesse calor.


Eu queria não pensar que o meu país é uma merda.

Eu queria um astrolábio para encontrar um rumo.
Ou então um GPS espiritual para ligar às orelhas.

Eu queria uma garrafita de amêndoa amarga.
Essa podia vir já.

Eu queria que pelo menos uma destas fantasias fosse realidade quando no dia 24 de Dezembro à meia-noite me levantar da caminha e meio estremunhado olhar para debaixo da árvore.
Vou rezar uma coisa qualquer em rima para que me caia uma Scarlett pela chaminé a baixo.

Um abraço Zé do Natal.

Cuidado com as rabanadas."



Agora vou beber essa amêndoa, porque se tiver à espera do gordo...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Querem-me matar!

Porra, estou nervoso como já não estava há muito tempo!

Quase que me veio o vómito!

E a culpa é destes sacanas da Selecção!

Não jogam nada, nada, nada! NADA!

Uma qualificação ridícula, sem uma única vitória contra Polónia, Sérvia e Finlândia, as três selecções que sabem jogar à bola!
Só conseguimos ganhar a uma Bélgica irreconhecível e aos analfabetos do futebol Arménia, Azerbaijão e Cazaquistão.

Vão-se esconder.

Peço desculpa pelo desabafo.

Vou ver de viagens para a Áustria :)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Diz-me a cor do teu pente dir-te-ei quem és!


Aceitando o repto lançado pela menina leila* e agora que ela nos ameaça a todos com o seu regresso das terras do Veneto, aqui fica a minha humilde contribuição para esse mundo fascinante das informações perfeitamente inúteis.

1. Alguém que te fez rir ontem à noite? Muita gente. Dou-me com muitos palhaços.
2. O que estavas a fazer às 08 da manhã? A dormir, tão bom que é!
3. O que estavas a fazer há 30 minutos atrás? Gozava um genuíno momento do mais puro ócio num café perto de si.
4. O que te aconteceu em 2006? Bem, tanta coisa. Entre elas, vivi no estrangeiro e conheci mil pessoas e locais lindos.
5. O que foi a última coisa que disseste? “Ai não!”
6. Quantas bebidas bebeste hoje? Leite, água e café.
7. Qual é a cor do teu pente? Depende do bronze. É da cor dos meus dedos.
8. Qual foi a última coisa que pagaste? Um café e um rissol de camarão.
9. Onde estavas ontem à noite? Chez-moi.
10. Qual é a cor da porta de entrada da tua casa? É castanha-escura.
11. Onde guardas os teus trocos? Na carteira e às vezes num porta-moedas pequeno que encontrei uma vez cheio de estupefacientes.
12. Como está o tempo hoje? Está de chuva e faz frio. Nada simpático.
13. Melhor sabor de gelado? Não tenho preferidos mas o corneto de leite-creme é mesmo bom!
14. O que te anima na vida? Rir!
15. Queres cortar o teu cabelo? Quero. Já está a pedi-las.
16. Tens mais de 25 anos? Mais? Não…
17. Falas muito? Vou do 8 ao 80. Depende das pessoas e do ambiente, e às vezes de quanto vinho tiver no bucho.
18. Vês o O.C.? Não vejo isso. Não curto novelas.
19. Conheces alguém chamado Steven? Não.
20. Inventas as tuas próprias palavras? Sim, bastantes. Tenho até um dialecto próprio que só eu e outra pessoa tão demente quanto eu entende.
21. És uma pessoa invejosa? Por vezes sou. Mas aprendi a contentar-me com o que vou tendo…
22. Diz o nome de um(a) amigo/a cujo nome comece por 'A' – Ana.
23. Diz o nome de um(a) amigo/a cujo nome comece por 'K' - Kira.
24. A primeira pessoa que está na tua lista de chamadas recebidas de hoje? Barrigana.
25. O que é que o teu último sms diz? “siga tomar uma cafezada?”
26. Mastigas a palhinha das bebidas? Nã senhori.
27. Tens cabelo encaracolado? Se o deixasse crescer sim. Tipo Marco Paulo dos bons velhos tempos.
28. Para onde vais a seguir? Para a banheira. Mentira, para o poliban.
29. Quem é a pessoa mais mal-educada na tua vida? Esta pergunta é estranha. Mas sou eu, ou então a minha irmã quando a consigo enervar a sério.
30. O que foi a última coisa que comeste? Iogurte.
31. Vais-te casar no futuro? Existe essa possibilidade.
32. Qual foi o melhor filme que viste nestas últimas duas semanas? Esta é difícil. O melhor diria que foi o ‘Sügisball’ mas o mais giro foi sem dúvida o ‘Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón’, Almodóvar vintage.
33. Existe alguém de quem gostes neste momento? Claro! Gostar é bom e eu tenho uma caixa torácica grande.
34. Quando é que foi a última vez que lavaste a loiça? Há coisa de 15 dias.
35. Estás deprimido neste momento? Os deprimidos dizem sempre que não estão em depressão. Por isso digo que sim.
36. Choraste hoje? Nada. Mas para o jantar vou fazer um refogado…
37. Porque respondeste a este questionário? Porque a leila* mo ‘pediu’ e há certos tipos de pessoas que não convém contrariar.
38. Etiqueta 5 pessoas para responder a este questionário.
Etiqueta? Bem, etiqueta é coisa que estes não têm:

domingo, 18 de novembro de 2007

Ser bombeiro não deve ser fácil

Parque das Nações Sul...

Momento psicadélico do dia:


- vi o Bill Murray a fazer meditação transcendental na praia de Carcavelos. Vi mesmo. Era ele. A não ser que alguém me prove 'por a + b' que esta tarde ele estava num qualquer outro ponto do globo...

Ódio de estimação do dia:

- revisores da CP. Incompetência, falta de respeito e má-fé. Não querendo generalizar mas fazendo-o, são uns filhos da **** completos!

Personalidade do dia:

- Bill Murray!

:)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O futuro num borrão de tinta

Hoje ouvi um bocado de rádio. Não descobri nenhuma banda nova preferida, muito pelo contrário. Está tudo na mesma.


Descobri sim que o pessoal da meteorologia anda todo trocado e que hoje em dia até a senhora da limpeza do INMG tem direito a fazer a sua previsão sobre o tempo que aí vem.


Primeiro, ouvi um engenheiro que dizia que estávamos a atravessar um período seco, que explicava ele é diferente de uma seca. Disse até que ia pedir ao governo que tomasse medidas preventivas porque este clima de temperaturas elevadas para a época e sem precipitação ir-se-ia prolongar, pasme-se, até Janeiro. Mas dizia o gajo que como as albufeiras estão cheias de água não devia haver problema…


Depois, um outro engravatado, calculo eu, aparece a mandar o seu bitaite e diz que a partir de 2ª feira iríamos ter aguaceiros e baixas de temperatura; em suma, um discurso em perfeita dissonância com o do colega.


Assim mesmo. Num dia, dois iluminados conseguem ver supostamente nos mesmos relatórios, nos mesmos gráficos, nas mesmas fotos de satélite, nas mesmas cartas isobáricas, duas coisas completamente diferentes.


Mas como é que isto é possível?


Depois de alguma meditação, cheguei à conclusão que a culpa está na formação.


Eles devem ser treinados na interpretação de dados com pranchas do teste de Rorschach. E assim, tal como nesse teste das manchas de tinta, cada um vê o que bem entender. Um vê um camelo a beber água no deserto e outro uma mulher da vida no Conde Redondo. Só assim se explica que um diga que chove para o outro dizer que faz sol....


Como adepto do livre arbítrio que sou, a partir de agora também eu vou tentar vislumbrar um calor de 40ºc ou uma chuvada de 3 dias e 3 noites nesses borrões de tinta, e depois com a experiência adquirida, eventualmente até num daqueles mapas da meteorologia.


E vou começar já por este:

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Os ontens e os amanhãs

“No matter how cold the winter, there's a springtime ahead”

Hoje andei todo o santo dia com esta frase na cabeça, sem me conseguir abstrair dela nem do seu sentido; o literal e aquele que eu lhe dou, dentro do seu contexto.

Esta frase faz parte da arrepiante letra de “Thumbing My Way”, uma das mais lindas músicas de sempre dos Pearl Jam. E para mim isso é dizer muito, não fosse esta a minha banda preferida e que eu considero ter pelo menos umas 40 grandes canções.

Mas isso agora não interessa nada.

Existem canções e principalmente letras que adquirem uma dimensão especial em nós, pelo que dizem, pelo que nós lemos nelas ou pelos pensamentos que trazem a reboque.

Esta a mim perfura-me o peito e dá-me um abanão na alma com uma gentileza arrebatadora.

Fica o vídeo e a letra.

I have not been home since you left long ago
I'm thumbing my way back to heaven

Counting steps,.. walking backwards on the road
I'm counting my way back to heaven

I can't be free with what's locked inside of me...
If there was a key, you took it in your hands.
There's no wrong or right,... but I'm sure there's good and bad
The questions linger overhead

No matter how cold the winter, there's a springtime ahead
I'm thumbing my way back to heaven
I wish that I could hold you... wish that I had
Thinking 'bout heaven

I let go of a rope,... thinking that's what held me back
And in time I've realized,... it's now wrapped around my neck
I can't see what's next,... from this lonely overpass
Hang my head and count my steps, as another car goes past

All the rusted sign we ignore throughout our lives
Choosing the shiny ones instead
I turned my back,... now there's no turning back

No matter how cold the winter,.. there's a springtime ahead
I smile, but who am I kidding?
I'm just walking the miles,.. every once in a while I'll get a ride
I'm thumbing my way back to heaven

Thumbing my way back to heaven
I'm thumbing my way back to heaven...


domingo, 11 de novembro de 2007

A verdade está lá fora


Bebés. Tenho de falar de bebés. Isto porque estes homens e mulheres em miniatura (o nosso amanhã, o futuro deste país e essas frases feitas todas) são a prova de que a informação que nos chega via media é manipulada e só sabemos aquilo que querem que saibamos, ao melhor estilo do Matrix ou de um filme do John Carpenter.

Quantas vezes ouvi atentados à inteligência como “a população portuguesa está envelhecida” ou estatísticas deficientes do calibre de “para cada criança há três velhos”. Aliás: idosos, peço desculpa. Que se chegar à idade de pagar meio-bilhete de novo no comboio, também não quero ir ali a passar no campo da bola e os putos virarem-se para mim com um perfurante “oh velho passa aí a bola faxavor”. É que isso deve doer muito mais que aquela doença que dói quando se faz xixi.

Enfim. Isto para dizer que é tudo uma aldrabice. Parem de nos empurrar pela garganta abaixo meias verdades e tretas absolutas. Não há nada um défice de natalidade em Portugal. É falso. Não somos um país com 17% de pessoas com + de 65 anos. É mentira.

A verdade, essa atingiu-me hoje depois do jantar. E estou disposto a partilhá-la, ‘for the greater good’. Não sei se teve alguma coisa a ver com o strogonoff, mas ainda arrotava alarvemente ao molho de camarão quando se me deu mais uma das minha epifanias.
Um momento de revelação. Ei-lo.

O que eles não querem que se saiba é que Portugal está cheio de bebés. Há bebés por todo o lado. Estamos perante um “baby boom” sem precedentes que certos lobbys e grupos de pressão procuram encobrir, no interesse não sei bem de quem. Posso especular, mas também fazer a teoria da conspiração toda de uma vez, tira um bocado de piada à coisa.

Uma ressalva antes de ir trancar os meus 6 cadeados. Isto não é em nenhum momento um texto contra as crianças ou os pais que a decidiram ou que tiveram azar em concebê-las, pelo contrário, pois não há coisinha mai linda que um bebé.
Isto é sim um exemplo de como os serviços secretos portugueses funcionam e não são só aquelas 2 donas de casa que em part-time ouvem as conversas do procurador-geral da república.
Mas de qualquer modo, desafio alguém a arranjar um sítio público com movimento (com a febre do Natal não deve ser difícil) em que no meio de umas 15 pessoas não esteja um bebé. Quero ver...

Nota: texto escrito sob condições adversas de sanidade mental; tanto cinema põe-me estúpido.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Caturreira!

Eu não sou muito de ir para aquelas bandas, mas hoje estive o dia no Cascais Villa, o novo centro comercial dessa localidade amaldiçoada há mais de 20 anos pelos Delfins, e devo dizer que foi uma excelente experiência sociológica.
Aquele ‘shopping center’ é como um microcosmos povoado por todo o tipo de fauna que encontra naquela zona ‘chic’ o seu habitat. Praticamente um jardim zoológico sem grades onde as mais perigosas espécies andam em liberdade, sem que ninguém se mostre melindrado ou apreensivo por tal.
Uma espécie rara, em particular por onde eu moro (sim, sou um gajo do subúrbio), prendeu-me a atenção. Um animal complexo, ora predador ora presa, com pelugem muito típica e com comportamentos em grupo bastante estilizados. E não há nada como ver um destes seres irracionais a movimentarem-se no seu ambiente natural, de onde saem com relutância e só em manadas ou sob escolta de um engravatado num carrito de 50 000€ para cima; muitas vezes conseguem-se camuflar no meio dos demais seres, mas qualquer imbecil, e aí entro eu, consegue topá-las a milhas.
Falo das tias! E não as irmãs do papá ou da mamã, mas aquelas tias mesmo tias, da Linha, as super-tias, super-bronzeadas, super-loiras, super-cheias-de-si-mesmas, super-vistosas, super-nada!
Mas foi bom vê-las. Porque já não me lembrava que existiam. Sim, porque ele houve uma altura em que até no bairro de lata havia ‘tias’ (e já agora ‘tios’), gente parva com umas roupas parolas que julgavam assim adquirir um status que não sei bem quem, talvez as revistas, colou aquela imagem. E como todas as modas essa passou, e com ela separou-se o trigo do joio, e actualmente tias só mesmo na savana original, no eixo Oeiras-Estoril-Cascais. E o pior/melhor é que amanhã estou lá de novo!
E pior/melhor ainda é que "quem desdenha quer comprar" e como eu estou a delirar com sono isto posso não ser eu a falar...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Porque uma musiquinha gira por dia dá saúde e alegria!
E porque esta é uma das maiores bandas do mundo (29 membros)!
E porque o vocalista tem um bigode mesmo à faxavor.



Vá lá, que quem canta seus males espanta. (Isto já leva dois provérbios do avôzinho. É melhor que me fique por aqui.)

I'm gonna sing this song with all of my friends
and we're I'm from Barcelona
Love is a feeling that we don't understand
but we're gonna give it to ya

We'll aim for the stars
We'll aim for your heart when the night comes
And we'll bring you love
You'll be one of us when the night comes

'Strange days have found us'

Há cenas que me lixam, pá! Cenas inesperadas que põem em causa a minha integridade física e mental, e sobre as quais não sou capaz de exercer qualquer controlo. E hoje foi um desses dias em que o absurdo me caiu em cima, vindo do céu aos trambolhões e não me consegui desviar. E basicamente passei o dia dentro duma peça do Samuel Beckett.
Primeiro com uma chamada psicadélica para o meu telemóvel de uma qualquer telefonista a querer desmarcar uma consulta de oftalmologia que está mais que visto eu não tinha marcado. Foi-se a ver que se calhar era ela a quem uma consultazinha à vista devia ser encarada com bons olhos. A moça não era muito dada a números e ligou para o meu na esperança de encontrar do outro lado acho que uma D. Isabel Faria ou algo que o valha. Não sou o Tom Waits (quem é que paga aí um conhaque?), mas pela voz devia ter logo visto que se tinha enganado e que Isabel é que eu não era. Enfim, ‘errare humanum est’ e há que dar um desconto. É segunda-feira e tal, e um 1 é parecido com um 7 e o 6 visto ao contrário é um 9. Vá, não faz mal, adeus, bom dia, com licença.
Depois a coisinha mais linda. Na sexta-feira comprei uns ténis novos, confortáveis(?) e giros. Como até lá andava descalço, na 6ª à noite estreei-os logo. E no sábado também levei-os a passear. No domingo lá lhes dei descanso. Hoje a seguir ao almoço, montei-me nos ditos cujos e pus-me a caminho do centro da capital. O que parecia uma tarde calma e pacata a deambular por Lisboa com cheiro a castanhas e a poluição, transformou-se num calvário que até o Mel Gibson se recusaria a filmar. Não é que os (meter asneira aqui) dos ténis ao terceiro dia resolvem transformar-se num cão raivoso e roerem-me o calcanhar esquerdo todinho? Não queria acreditar naquilo. Então estes sacanas eram tão macios e agora parece que tenho as botas da tropa do Fidel Castro calçadas? Porra! Resumindo, admito que a caminhada entre o Largo da Estefânia e o comboio de Entrecampos, que em dias normais faz-se bem e poupa-se uma senha de Metro, hoje revelou-se uma provação de uma dureza indescritível. Até ia a ouvir Band of Horses pela Av. da República a fora mas nem aquelas canções doces me aliviaram a dor. Cheguei a casa com uma bolha XXL e uns quantos quilómetros de figuras tristes, ao tentar ao mesmo tempo andar direito e ter o mínimo de dor.
E depois para acabar, ponho-me a ver um filme do Almodóvar, de 1983, “Entre Tinieblas” (em português parece que é o “Negros Hábitos”) e pronto, atirei-me para o chão. Já sabia que o Almodóvar era um adepto do politicamente incorrecto e que gostava de abordar temas controversos, com o seu estilo muito próprio. Mas o que vi hoje foi algo de muito à frente.
O filme trata muito simplesmente de um grupo de freiras lésbicas viciadas em drogas duras, que vivem num convento onde dão abrigo a drogadas que procuram redenção ou um sítio para dormir, e que vendem o espólio da igreja para comprar coca, cavalo e ácidos. E têm nomes tão espectaculares como Irmã Rata de Esgoto ou Irmã Esterco. E o animalzinho de estimação é só um tigre gigantesco. Memorável, mesmo. E depois tem diálogos que são pérolas do humor negro. É que nunca pensei ouvir da boca de uma freira coisas como “Não, sabes que não gosto de drogas leves.” Que maravilha!
Há dias assim. Em que chegamos ao fim cheios de mazelas no corpo e na mente. E o pior é que está para durar. Almodóvares tenho de ver mais uns cinco e o calcanhar ainda vai demorar uns tempos a pôr-se bom. Amanhã vou de chinelos para a Rua Augusta, na esperança que me chamem labrego.
Ah, o filme passa no European Film Festival, assim como todos os outros do Pedro.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Do outro lado do rio


Tive desde sexta-feira à tarde até domingo à noite, quatro filmes para ver, imposições da minha função no European Film Festival. Mas como sou calão, não vi nenhum nem na sexta nem no sábado, o que me deixou com os 4 para ver num dia.
Curiosamente, quatro filmes portugueses, de realizadores mais ou menos consagrados, se é que há lugar e espaço para consagrações na minúscula indústria cinematográfica portuguesa. Todas obras recentes (dois estrearam em Outubro) e todos eles dignos, mais que não seja, de um louvor. De quando em vez lá tenho de engolir uns sapos e admitir que o cinema português consegue ter os seus momentos. Fugazes porém, mas todavia, momentos.
Mas, afortunadamente, ainda há filmes feitos aqui no burgo que conseguem mais do que isso. E é aí que entra “A Outra Margem”, última longa-metragem de Luís Filipe Rocha, realizador de “Adeus, Pai” ou “Camarate”.
E senti algo que não sinto muitas vezes, algo que pelo menos no “Lost In Translation” lembra-me perfeitamente de acontecer. (Ainda que com as devidas distâncias; o filme da Sofia Coppola é, a meu ver, um filme gigante. E não é por ter a Scarlett. Ou não é só por isso...) É uma sensação de quase-medo, quase-tristeza por não querer que o filme chegue ao fim. Porque a história e principalmente as personagens agarram-nos, não do jeito que o faz um bom ‘thriller’ ou um mistério do Poirot (Mas quem é que afinal matou o Barão Strogonoff na casa de banho da mansão? Vais dizer-nos ou não, Hercule?). Não. É diferente. É que é um filme tão tremendamente humano que faz confusão, pois as emoções, dentro e fora do ecrã, estão à flor da pele o filme todo. É a vida real atirada à cara não pelo telejornal mas pela enganadora “fábrica de sonhos”, o cinema. Mas com luvas de cetim...
A história coloca em conflito as noções estabelecidas do que é ser “normal” e “diferente” numa sociedade moralista e preconceituosa, que é a nossa, está claro. Através dos olhos de um travesti e de um rapaz com trissomia 21, temos direito a dois pontos de vista distintos do que é estar do outro lado do rio. O lado da diferença, da exclusão. E como o rio que separa as suas margens, metáfora tão bem explorada no filme, pode deixar de ser obstáculo se nos dermos ao trabalho de construir pontes que o atravessem.
E depois os actores. Três excelentes interpretações. Não só Filipe Duarte e Tomás Almeida (a diferença faz a diferença), já distinguidos ex-aequo com o prémio de Melhor Actor no Festival de Montreal no Canadá, mas também Maria D’Aires, a mãe do maravilhoso Vasco.
E a fotografia de Edgar Moura não é nada de deitar fora. Nada mesmo.
O filme está nos cinemas um pouco por todo o país e acho que merece ser visto. Se alguém resolver ir na sexta-feira, dia 9, à projecção incluída na programação do European Film Festival, a gente vê-se por lá.
Fica aqui uma amostra do que se pode esperar:



Ah, os outros filmes eram o “O Julgamento” de Leonel Vieira, “O Mistério da Estrada de Sintra” de Jorge Paixão da Costa e “20,13” de Joaquim Leitão.

sábado, 3 de novembro de 2007

Carne e Sistemas Operativos

A ingestão de álcool aliada à estupidez e à tendência inata para dizer barbaridades de grau elevado dá sempre a garantia de alguns momentos absurdamente bonitos, dignos dos melhores textos dos Monty Python ou do Herman da velha guarda.
Aliás, acho mesmo que os que escrevem humor devem ter como uma das principais fontes de inspiração a observação de um grupo de indivíduos ébrios e imbecis a dispararem pérolas refinadas do mais puro non-sense, em proporção directa com a quantidade de etanol que o fluxo sanguíneo lhes empurra para o cérebro. Isto quando não são os próprios autores a recorrer a substâncias psicotrópicas para catalisar a produção artística. Alguém tem dúvidas que o Herman dava na coca enquanto escrevia alguns dos sketches épicos dos tempos da RTP ou que essa nova geração de humoristas tugas fuma tudo o seu canhãozito da paz, antes, durante e depois da elaboração de um texto humorístico? (Ainda me vão processar por isto.) Mas ainda bem que o fazem.
Agora há aqueles casos em que comuns anónimos da sociedade se aventuram pelos terrenos inóspitos do humor alarve, culpa da bebida que abunda e do ambiente que ajuda. E um ponto de discórdia é o rastilho necessário para fazer despoletar um debate de proporções bíblicas, sem ética nem respeito nem consideração nem nada. Mas com muita, muita piada. E é aí que tocamos no céu e damos graças aos nossos pais por estarmos ali.
Quem explica o facto de se conseguir meter na mesma linha de raciocínio a discussão sobre ser ou não vegetariano (Um Contra Todos, só falta o Malato a apresentar) e o Windows mais o Linux? Manifesta senilidade na argumentação, porque ainda que um porco tenha ‘valor’, o que somos nós para o Bill Gates? Correcto: um porco! Porque o papel do porco é alimentar-nos. Assim como foi com muitos outros antes dele. Porque tu não comeste um mamute, mas alguém já comeu! E gostou! E a costeleta de hiena, Zé Efeitos? Pouco boa…
E como é fantástico e inesquecível ver ao vivo alguém dizer ‘Agarra-me nos meus óculos” utilizando apenas duas palavras. São os Luís de Matos da língua portuguesa, génios escondidos na sombra a quem ninguém dá o valor devido. Eu disse ‘valor’? Se calhar queria dizer que há um gajo no Algarve que sozinho contra 4 infelizes, dá um murro em cada um que desmaiam os 3. Mas o que acontece ao 4º, Capitão Pipos? Morre? Ou fica sem um olho?

Verdade verdadinha

Aceitando o desafio de Madame Leila*, aqui vão "5 afirmações gritantemente surreais":

# O António Variações era um macho viril e teve um caso com a Madonna e foi ela que o infectou com Sida. (Esta pode contar como uma, sim?)

# Além de virgem, o Cristiano Ronaldo não joga um cara***.

# Marques Mendes é calmeirão, roça até o gigantismo.

# É fácil compreender as mulheres. Na verdade são seres simples, bastante rudimentares.

# O Belém não é o melhor clube do Mundo.

E para sustentar esta última, deliciem-se com o grande golo do Belenenses ontem no Estádio do Dragão, carago. No Cristo do Zé Pedro eu creio.