sábado, 30 de outubro de 2010

Deus Existe

Sempre o admirei, mas só depois de ter vivido um tempo em Nápoles é que compreendi realmente a magnitude da lenda. Maradona não é um homem, é um verdadeiro Deus!
Deixou Napoli em 1991, mas 15 anos depois o seu fantasma estava ainda em cada esquina, em cada janela, em cada muro, em cada altar erigido em nome desse Cristo. Na boca e no peito de cada napolitano, sentia-se a aura deste astro-rei saído das barracas da Villa Fiorito em Buenos Aires e coroado rei absoluto de Nápoles e de todo o sul de Itália.
 

Maradona é mais que um jogador monstruoso, é um Che Guevara do futebol. Ele personificou o grito de revolta de toda a Itália abaixo de Roma, historicamente oprimida e explorada pelo poder industrial e fascista do norte. As vitórias do Napoli eram as vitórias do povo do sul, os mais desfavorecidos entre os italianos. Tratava-se de uma pequena vingança face às injustiças que vinham cavando um fosso social entre Norte e Sul há demasiado tempo.
A devoção que aquela cidade nutre por El Pibe é demasiada para se poder explicar. Um exemplo: em 1990, quando a Itália jogou com a Argentina em Napoli nas meias-finais do Mundial, a cidade em peso estava a torcer pelos argentinos em detrimento do seu país. Foram precisos 17 anos para a federação italiana esquecer tal afronta e a nazionale italiana voltar a jogar no San Paolo.

 
Isto tudo porque, contra as expectativas de muitos, Maradona, o maior futebolista de sempre e o símbolo máximo do Napoli e da Argentina,  completa hoje 50 anos. Parabéns, Diego. 
Se podia gostar tanto de futebol sem o Maradona? Podia, mas não era a mesma coisa. 

2 comentários:

E disse...

O melhor de sempre para mim

Ruca! disse...

e para mim.