Serei eu o único cidadão a não ter ido ainda ver a "
Alice" do Tim Burton?
Parece que sim.
E mais do que isso, serei a única pobre alma a não querer ir vê-lo ao cinema pois sei que me vai desiludir e para desilusões a 6 euros cada já me bastam as idas ao Restelo para ver a equipa de solteiros e casados que joga pelo Belenenses?
Também é possível que sim.

É que consta por aí que: o filme é um pãozinho sem sal, que só se safa pelos efeitos especiais, que o argumento da senhora que escreveu coisinhas fofinhas mas perfeitamente insípidas e inconsequentes como "O Rei Leão" é uma subversão de mau gosto da obra de Lewis Carrol, que só se preocupa com o público infantil, fazendo do filme uma fábula ligeira para os papás verem com os seus rebentos, mas intragável para alguém nascido depois de 1996.
Diz-se que isto não é a Alice de Tim Burton mas sim a Alice da Disney com um tipo na realização chamado Tim Burton mas que até se podia chamar Tim Bruto, desde que ficasse caladinho e fizesse o que lhe mandassem, o que convenhamos não é digno deste senhor.
Diz-se que apesar das boas prestações dos secundários, a história é perfeitamente tonta e aparvalhada e a Alice com 19 anos parece saída das novelas TVI, que o 3D parece o daqueles livros com dinossauros que havia quando era pequeno, e etc. e etc., raios e coriscos, cobras e lagartos.
Já se sabe que as críticas de cinema são opiniões e que as opiniões são como as vaginas, cada uma tem a sua e se a quiser dar, dá. (Herman Enciclopédia!!!)

Mas eu como grande fã de Burton - o meu filme preferido de sempre é dele e o título deste blogue vem de uma
quote desse mesmo filme - e da obra de Carrol, a qual tive o prazer de estudar na faculdade à luz da sua imensa riqueza linguística, estou muito céptico. Acompanhei as notícias deste filme ao longo do último ano e tal e criei uma alta expectativa. Sempre disse que iria à estreia, mas agora não tenho qualquer vontade.
Estou com receio de ser traído por um dos meus realizadores favoritos, o que tem acontecido cada vez mais ultimamente.
Extrapolando aqui um pouco: a culpa, essa é do teasing quase obsceno das distribuidoras que criam uma antecipação no espectador de que algo memorável estará aí a chegar.
Ele é posters, photo stills, teasers, tudo para fazer propaganda a um produto que se fosse um detergente, no fim acaba por não tirar as nódoas que prometia nos reclames. Como parece ser o caso desta "Alice".
E o mais engraçado é que Burton trabalhou para a Disney quando era jovem e saiu por não se identificar com a política da empresa, com o traço demasiado estandardizado e com o conservadorismo que lá reinava.
25 anos depois, tresandou-lhe a dólares e afinal já gosta.
Enfim: Realizador rico, filme pobre.
Vou esperar pelo DVDrip.