domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um novo "We Are The World" 25 anos depois - O Haiti não merecia isto

Estou quase revoltado.
Com franqueza, o Haiti já sofreu demasiado para agora ver ser-lhe dedicado este verdadeiro cataclismo que é o remake do nada menos que épico da música moderna "We Are The World"(1985).

É a mais pura das merdas.

E de quem é a culpa?
Primeiramente, terá de ser do Lionel Richie e do Quincy Jones, mentor e produtor, respectivamente, da primeira versão e responsáveis pela organização da segunda.
Depois, da família do rei da pop (essa escória de chupistas), que permitiram que fossem usadas imagens deste "partilhando o palco" com a fina flor do entulho que infesta esta versão. Quase que dói a vista.

Eu não estou contra a ideia de uma meia dúzia de artistas de algum nível se juntarem a 70 e tal montes de esterco numa canção para recolher fundos para ajudar o povo haitiano. Acho até que as figuras públicas são um veículo privilegiado para fazer chegar a mensagem às massas e devem aproveitar a sua visibilidade e influência para o 'greater good'.

Mas que fizessem uma cantigazeca nova e não caíssem no facilitismo de fazer uma versão perfeitamente assustadora e de mau gosto de algo tão grandioso e único como o original.

Tudo bem que o "We Are The World" original era para a África toda e este novo é só para o Haiti.
Mas há limites, porra. Não há razão para uma tamanha falta de qualidade nesta edição de 2010.

Em 1985, tínhamos, só para citar uns quantos, monstros sagrados como:

Bob Dylan
Ray Charles
Bruce Springsteen
Stevie Wonder
Willie Nelson
ou
Tina Turner

Em 2010, até temos alguns artistas sérios como uma Celine Dion, um Tony Bennett ou uma Barbra Streisand, que se destacam da mediocridade reinante.
Mas depois somos brindados com alguns dos substitutos dos nomes acima mencionados, porcaria deste calibre:

Miley Cirus
Nick Jonas
Fergie
Usher
Pink
ou
Enrique Iglesias

É perfeitamente ultrajante, para não dizer que é uma vergonha.
E depois, há a questão da genuinidade. Do vídeo do original parece transparecer alguma alma e sentimento nas interpretações dos artistas. Quem não se lembra, por exemplo, das partes de Springsteen ou Wonder, cantadas com coração?
Nestes novos, vai-se a ver, parece que estão numa gala da MTV, todos posers, com vozes alteradas por computador, perfeitamente a cagarem-se para a letra e para o peso da canção que estão a recriar. Autêntica merda.

Ficam os vídeos para quem quiser comparar o incomparável:



1985



2010

1 comentário:

Pedro disse...

É assim....
Ainda bem que o Nick Jonas canta melhor que o Bob Dylan....
Já dizia a Bacalhau - "Não entendo Hip-Hop e o que é Top é uma seca!".