sábado, 8 de novembro de 2008

Rascunho

A razão e o desejo tinham vindo a adiar um desfecho que era há muito inevitável.
Dias de sol que traziam algum alento, teimavam em arrastar consigo longas tempestades silenciosas que deitavam por terra qualquer vontade de prosseguir. Era altura de fechar as portas e admitir a derrota. De uma vez por todas. A vida tinha vencido de novo.

Fiel escudeiro praticamente desde o início, tinha testemunhado de perto a rápida ascensão, sempre sem emitir juízos de valor. Certamente teria a sua opinião, se alguma vez lha tivessem pedido. Contudo, escolheu abster-se das incongruências que o rodeavam e desempenhar as suas funções sem questionar ordens ou decisões. "Não tenho de concordar com o que faço, apenas tenho de o fazer.", alguém o terá ouvido dizer.

O fim chegou, instalou-se na melhor poltrona e por muito que o ignorasse, ele estaria sempre ali, à espera, para sempre. Era ainda Verão, mas o caleidoscópio das estações tinha já iniciado a sua transfiguração. O Outono não tardaria. Era o regresso à casa de partida, local sobejamente conhecido.

À medida que subia os degraus da entrada, sentiu que não era ali que devia estar. Não naquelas circunstâncias. Havia uma estranheza naquelas paredes que evidenciava algo que lhe custava admitir: a mudança tinha sido cúmplice de algo maior, um sentimento de intranquilidade que não lhe permitia sentir-se confortável, não aqui. Não em parte alguma.

What the fuck, right? Tinha este rascunho escrito há meses, e sei que quando o escrevi fazia sentido. Agora, tenho apenas uma leve ideia mas juro que não percebo metade do que ali está. Bem, mas terá de servir para tapar um buraco e manter isto actualizado pelo menos uma vez por semana, nem que seja com (mais) uma coisa sem nexo. Ah, e o Pingo Doce tem umas madalenas de chocolate espectaculares. Acho que deviam investir... Pronto, ciao.

4 comentários:

R.L. disse...

Estou a ver ali ao lado Millencolin, Mr. Clean... sim sr!

Leila* disse...

Realmente.. há uns que morrem e outros que ficam assim :D

biju saloio*

M disse...

Ai que bonito!
Qualquer dia começas um livro assim! :p

***

MissKitsch disse...

Confesso que a coisa também não fez muito sentido para mim... Mas eu concluo sempre que a culpa é minha e que, de alguma maneira,a culpa de eu ser assim (distraida) foi de algum trauma de infância...

Mas também te digo que, cacete, está aí um belo texto!