Venho aqui confessar que ontem, pela primeira vez na minha vida torci pelo FC Porco contra uma outra equipa portuguesa. Nem em jogos com o SLB me lembro de o fazer. Normalmente nesses jogos entre estercos, torço apenas para que haja pancada, muitas expulsões e calhaus nos autocarros e cenas dessas. Resumindo, paródia no futebol. E normalmente até há, obrigado por isso, seus sujos.
Porém, ontem, a minha razão para torcer pelo Porco era legítima e vem do coração.
Como sócio e adepto do Belenenses, que pelas ruas da amargura tem andado e parece ir continuar, há um epiteto que me vai dando algum alento e esperança num futuro à altura do passado.
Inauguração do Estádio do Restelo em Setembro de 1956, pago com o dinheiro do clube e dos sócios
Quer queiram quer não, o Clube de Futebol "Os Belenenses" é o 4º maior clube português. Negá-lo com subterfúgios manhosos e manchetes de jornal baratas é a mesma coisa que aqueles fascistas que dizem que o Holocausto nunca existiu. Ou como daqui a uns anos ensinarem na escola que o 25 de Abril foi um ataque terrorista. Lá chegaremos. Esquecer a História e ter a memória curta é coisa de gente vil e pequena. Querer rescrevê-la é criminoso.
Contudo, há que ver as coisas como elas são, e este Braga do pós-Euro 2004, que todos bajulam, por quem estavam a torcer ontem à noite tudo o que é lagarto e lampião, com estádio oferecido por todos nós e com escandalosas contribuições da poder local, que andou mais de 20 anos a amargar nas divisões secundárias e muito mais a lutar pela permanência na 1ª, ameaçava com força a lugar de 4º grande se conseguisse ontem vencer a Liga Europa. Admito que sim.
E como tal, nenhuma opção me restou se não torcer pelo Porco, salvaguardando por enquanto, até ver, o 4º lugar do Belém na História do futebol português. Infelizmente, é uma evidência que num Top 10 do último quarto de século, deveremos apenas conseguir entrar à rasca, mas haja memória. E respeito.