Esta tarde presenciei a seguinte situação.
Um homem parado à porta de uma loja de rua, uma mulher que passa por ele e sem abrandar, pergunta-lhe: -"Fernando, tudo bem?"
ao que ele retorque, -"Joana, tudo bem?"
O diálogo que nunca foi acaba ali, Joana segue o seu caminho, Fernando permanece onde estava.
Estes lugares comuns da oralidade são tão parvos. Estas duas pessoas cruzaram-se e ambas perguntaram ao outro se estava tudo bem. Mas nenhuma quis saber a resposta.
Pode acontecer que os dois estejam na merda completamente, mas o outro nunca vai saber. Porque perguntar a alguém com quem nos cruzamos se está bem é pura retórica, é o mesmo que estar calado, fazer um simples aceno com a cabeça ou dizer um bom dia, boa tarde, boa noite.
Também porque se convencionou que a resposta-reflexo a um "tudo bem?" é sempre "está tudo, 'tá-se bem, bacano", muitas vezes acompanhado de um sorrisinho, mesmo que nada esteja bem.
E passado uma semana, o Fernando morre de cancro e a Joana diz à amiga: "Ainda no outro dia o vi e estava tudo bem com ele..."
4 comentários:
É que é mesmo assim, pura estupidez...
presencio isto todos os dias...
Ou então a melhor é tu responderes a sério e ficares a falar sozinho porque o teu interlocutor já lá vai bem longe...
acho que fizeram um estudo sobre qual a maior mentira que é pronunciada e é precisamente a resposta à pergunta 'está tudo bem?' que a maior parte responde sempre 'sim'.
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