segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Festa na Aldeia

Entre minis e bifanas, entre farturas e rifas, entre meretrizes de Vera Cruz e reformados com vontade de gastar numa noite a pensão e um frasco de Viagra, entre bêbados a rimar com alho e truta a cada frase e saloios vestidos como se estivessem na gala dos Óscares, entre Ronaldos com 4 dentes e Gagas com 14 anos, a atracção musical da noite era um anão que tocava órgão. Mas com dificuldade, uma vez que o dito lhe dava pelo peito.


Peixinho, como ficou baptizado, era hábil artista de variedades, dono de voz monocórdica impecável e bota castanha catrapila, que tinha em Bitoque a sua maior fã.


Bitoque era a maior fã mesmo, pois o que está em questão aqui é um portento de carne, mulher para cima dos 150kg, de vestes justas como está claro, pois para canhões deste calibre não se faz roupa que fique larga.

O amor por Peixinho fazia com que fosse a única a bailar de forma exuberante bem na frente do palco ao som das horrendas versões dos Xutos e do quem será o pai da criança, enquanto o resto da populaça se deixava ficar sentada nas cadeiras, alguns julgando estar a assistir a uma peça de teatro pobremente encenada, e outros sem arredar pé da zona dos comes - brasileiras incluídas - e bebes, ignoravam por completo a prestação mui digna daquele pequeno grande artista.



Mas importa fazer uma ressalva. Seria injusto afirmar que Bitoque era a única a dançar.

Pálinho, rapazola de risco ao lado e calças até ao pescoço, espécie de anfitrião oficioso da festa que fazia questão de cumprimentar cada pessoa presente no recinto, desde cedo que se abeirou do palco para abanar o corpo ao som de Peixinho, variando entre os saltinhos irregulares à putos do Sudoeste e o mais clássico headbang à metaleiro, que colocou em prática de modo irrepreensível na versão que Peixe nos ofereceu da “Dunas” dos GNR.



A actuação de Peixe terminou sem que o público pedisse "só mais uma", o que deixou revoltada Bitoque, que com algum sacrifício subiu ao palco e ajudou o seu homem a desmontar o cenário, que consistia no tal órgão e em dois ou três cabos, para nunca mais ser vista na festa. E se não mais se vislumbrou a silhueta mastodôntica de Bitoque, escusado será dizer que Peixinho também nunca mais deu à costa, ainda que pudesse ter ido para trás do balcão das rifas, tornando-se virtualmente invisível.

1 comentário:

tadeu disse...

efeitos do 15 de agosto? :)