terça-feira, 7 de abril de 2009

Momentos Especiais Caril Cabral

Ah as urgências de um hospital público de Lisboa.
Juntamente com a Loja do Cidadão dos Restauradores, é sem dúvida o melhor sítio para observar de perto o quão original e mágico é o bom povo português.
A principal diferença é o cheiro, pois 90% das pessoas que vão à Loja do Cidadão não gostam de tomar banho. Há que poupar água mas aquilo é um abuso, meus senhores.

De volta ao hospital...
Mesmo que se leve um livro interessante para ler, as maravilhosas idiossincrasias dos utentes deste serviço saltam por demais à vista (e à audição e até ao olfacto).

Na sala de espera temos o prazer de conviver com espécimes tão peculiares quanto a mãe divorciada que deixa tocar até à morte o seu super toque de telemóvel liga já 3939 com o épico de Tony Carreira "vou deixar-te louca, carinha laroca, carinha laroca, com água na boca, carinha laroca, carinha laroca..."

Canção que certamente pouco agradou a uma jovem gótica de 120 kg com uns óculos de mergulho na cabeça. Não percebi porquê. Não posso confirmar mas estou certo que foi chamada para Neurologia. Havia algo de muito errado com aquela miúda.

Perto dela, dá-se entretanto uma altercação curiosa, na qual uma mulher dos seus 50 anos oferece o lugar a uma outra que aparentava a mesma idade, pelo que esta retorquiu com um seco: "Não, obrigado, sente-se a senhora.", sendo óbvio que o que lhe queria dizer era: "Oh meu granda coirão, não me estás a chamar velha porventura, não?"
Resumindo, as duas, senhoras do seu nariz, ficaram em pé e a cadeira vazia até que um tipo claramente esquizofrénico com pinta de fã de Iron Maiden viu aquele lugar desocupado e não se fez rogado.

Depois de ter ido lá fora dar uma esmola à EMEL que leva a peito sempre que um gajo não lhe faz uma doação, sentei-me ao lado de uma anciã, com uma idade mínima de 75 anos, não tinha menos. Logrados uns 5 minutos, a idosa sai-se com um "com licença". Esperei que a dona se levantasse. Porém, não o fez. O que fez foi levantar ligeiramente o corpo cansado em relação ao assento da cadeira e largar um 'Bruuuum', alarme sonoro de que algo iria muito mal naqueles intestinos. Aiaiaiai. Mantive os olhos no livro para não envergonhar mais a senhora que se desfazia em desculpas.

Uff! Chega finalmente a minha vez de passar os biombos que nos separam dos supostos profissionais de saúde. E do lado de lá é todo um mundo à parte.
O relato fica para uma próxima. Agora vou comer um olá fresquinho.

2 comentários:

MissKitsch disse...

E, no meio de tudo, tudo certo ctg?


Pedir licença para dar vazão à gasaria?! Acho lindo!

Mokas disse...

e agora nunca mais tens amigdalite!?!