sábado, 2 de julho de 2011

O acordo ortográfico tem de arder

Se a construção do aeroporto de Alcochete, que faz falta ao país, vai ser reavaliada por causa da situação desastrosa em que nos encontramos, como é possível que um tratado que afecta de forma muito negativa a estabilidade da nossa língua escrita e a qualidade do ensino não seja, no mínimo, suspenso e reavaliado?

Precisamos de um novo aeroporto internacional? Sim. Podemos ter essa infra-estrutura? Não. Estamos à beira do colapso financeiro.

Como se justifica então que um AO que ninguém pediu, que ninguém quer e de que Portugal não precisa para NADA, sobre o qual nenhum estudo independente de avaliação de impacto foi feito, cujos custos reais em termos financeiros, sociais e humanos ninguém se deu ao trabalho de avaliar e cujos benefícios não se vislumbram, nos seja imposto numa altura de crise nacional profunda sem qualquer discussão pública e reavaliação?

Terá a língua, fundamento da soberania nacional e elemento essencial do património cultural português menos valor, peso ou importância para Portugal e para as gerações vindouras de portugueses do que um aeroporto?


Excerto de um pertinente e assertivo artigo do professor universitário António Emiliano saído ontem no Público e intitulado "O desgoverno da língua portuguesa", que deve ser lido na sua totalidade aqui.

Quem diz o idioma diz a língua. Citação de Almada Negreiros na estação de Metro do Saldanha.

4 comentários:

tadeu disse...

a pala deste acordo, até o "como se escreve em bom português" deixou de ter piada...
isto é tão estúpido...não altera nada na comunicação com outros povos. basta um chorar e pronto, temos o acordo mais dispensável da história.
facto!
bom domingo!

Mark disse...

Olá !

Sou absolutamente favorável à rápida implementação do Acordo Ortográfico. É evidente que, tal como o tadeu disse, nada se altera relativamente à comunicação entre os povos lusófonos. Todavia, o Acordo torna-se imprescindível quando queremos uma língua portuguesa forte, coesa e progressivamente mais importante no plano internacional.

Embora respeite a opinião do douto Professor António Emiliano, todos os argumentos utilizados demonstram, por si só, um conservadorismo bacoco.

Fica bem. (:

um rapaz de blazer azul disse...

subscrevo inteiramente a opinião do Mark. A língua portuguesa é dinâmica, viva, cresce e evolui. Há que se adaptar às novas diferenças que a passagem do tempo cria. E se dúvidas restasse, escrevi este comentário inteiramente de acordo com o novo acordo ortográfico.

Very Best Hug

Ruca! disse...

Mark, Amribeiror, esse argumento é válido, mas a questão é:

o acordo ortográfico espelha a evolução da língua, fortalecendo-a e tornando-a mais relevante a nivel internacional? não vejo bem como.

a austrália, eua e uk nunca fizeram qq acordo ortográfico e o inglês n deixou de se afirmar como a lingua universal que é.
o méxico, a argentina e a espanha tb nunca celebraram qq acordo deste genero e não é por isso que o espanhol é uma lingua mais fraca ou menos evoluida.
não percebo pq nós 3 gatos pingados a falar português temos de ser mais espertos (leia-se imbecis) que os outros.
a diversidade da lingua é diversidade cultural, e esta deve ser celebrada e preservada. quando assim não é, julgo que estamos a andar para trás.